Ela sente como se precisasse de uma parte dela que não está ali agora, mas ela ainda não sabe onde está. É como aquela velha história de que todos tem sua metade. Parece que ela ta precisando dela agora. Pra lhe entender nem que seja com um único olhar ou no maior dos silêncios. Pra deitar e lhe abraçar por horas a fio sem pressa do mundo lá fora. Pra dizer coisas ao pé do ouvido que deixem seus pêlos do pescoço eriçados. Ou simplesmente para estar ali, ao seu lado, sem motivo ou explicação alguma, apenas pelo prazer do amor. Pode ser que seja do outro lado do mundo ou ali na esquina mesmo que ela encontre essa tal de metade. Ela imagina que talvez seja assim, como naqueles encontros casuais de filmes de romance em que os dois se esbarram, a garota deixa suas coisas caírem no chão e no meio da confusão toda eles se encontram com um olhar. Um olhar que explica tudo sem palavra alguma, um olhar de amor a primeira vista. Talvez num dia chuvoso, eles dividam o mesmo guarda-chuva e terminem com um beijo apaixonado. Um beijo que pode selar uma ligação. Ou quem sabe sua metade a encontre de mau com o mundo por aí e tire um sorriso de sua cara. O primeiro de muitos sorrisos. Quem sabe. Ela fica inventando aquele encontro que talvez nunca aconteça e espera que isso esteja mais para mera intuição do que para loucura. E pode até parecer loucura, mas que seja então. Tudo o que ela precisa é de alguém que a leve pra casa, à aqueça, e depois possa conserta-la. Só isso.
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